Banda larga ultrarrápida do Google


Banda larga ultrarrápida do Google faz florescer um novo polo tecnológico nos EUA: a ‘Pradaria do Silício’, em Kansas City
Foto: STEVE HELBERT/NYT
Maria Sudekum
Associated Press
KANSAS CITY – Num pequeno bangalô na rua que separa Kansas City, no Estado do Kansas, da sua cidade irmã no Missouri, um grupo de empreendedores trabalha na criação da sua próxima empresa de alta tecnologia, acessando a nova internet superrápida do Google. A conexão deu à região o apelido de “Pradaria do Silício”.




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A casa na State Line Road é um dos vários locais propícios para as startups que floresceram nos últimos meses nas cidades. O catalisador é a Google Fiber, rede de fibra ótica testada na área que alcança velocidades de até 1 gigabit por segundo, muito superior à banda larga residencial.
A vantagem para as startups é simples: uma internet rápida facilita o trabalho com grandes arquivos e elimina problemas de armazenamento que são um tormento no caso de vídeos online, teleconferências e outras tarefas que exigem uso intensivo das redes. Embora a localização de Kansas City cause certas dificuldades – conseguir investimento, por exemplo –, empreendedores como Synthia Paye acreditam que hoje esse é o lugar certo para empresas de tecnologia promissoras.
Synthia está entre estes empreendedores que esperam realizar seu sonho – no caso dela, criar um serviço barato de assinatura para músicos que queiram colaborar online. Ela divide com outros uma casa da State Line Road conhecida como “Casa para Hackers” com base num acordo que permite aos empreendedores viverem ali sem pagar aluguel enquanto desenvolvem seus projetos.
A rede do Google é atraente, diz ela, porque seu projeto “depende de uma internet realmente boa e rápida”. “Sem isso provavelmente eu teria encontrado muita dificuldade”, disse ela, que mudou-se de Denver para Kansas para desenvolver a CyberJammer.
Os moradores da cidade vibraram quando o Google anunciou, no ano passado, que as duas Kansas City seriam local de testes da Google Fiber. A empresa oferece o serviço de l gigabit por US$ 70 mensais e o seu serviço similar à TV a cabo por mais US$ 50. Uma conexão de internet mais lenta é gratuita – basta pagar US$ 300 pela instalação.
As primeiras residências receberam a fibra ótica no fim do ano passado e novas instalações são planejadas para os próximos meses. As cidades ainda são o único mercado de fibra ótica do Google, embora a empresa tenha planos de expansão.
Muita gente do setor de tecnologia acredita que a iniciativa do Google acabará forçando os provedores de banda larga a acelerar suas redes para entrar na competição. Tornar o acesso à internet mais rápido propiciará à empresa mais oportunidades para atrair tráfego e vender mais publicidade – a principal fonte de renda do Google.
A “Casa para Hackers” e a sua proposta empresarial peculiar foram concebidas pelo desenvolvedor local Ben Barreth, cuja propriedade estava no primeiro grupo de casas a receber a fibra ótica e que fica a uma quadra do escritório da Google Fiber. Os “hackers” aprovados e que mostram uma real intenção de trabalhar num projeto viável podem viver na casa sem pagar aluguel por três meses. Desde que abriu a casa em outubro, depois de receber o dinheiro da aposentadoria e pagar uma entrada de US$ 48 mil, Barreth recebeu solicitações de quase 60 pessoas desejando um espaço na casa.
“Toda esta história de startups em Kansas City é algo que cresce descomunalmente”, diz.
A casa está cheia desde dezembro com Payne e dois outros. Um dos quartos também é reservado para turistas que buscam um lugar por um dia ou dois onde possam baixar alguma coisa mais rápido do que conseguiriam em outro lugar.
“A esperança é que estas startups transfiram suas operações para Kansas City, o que realmente será uma bênção, pois trarão mais empregos e impostos e com isso vamos criar um ambiente de tecnologia realmente bom”, diz Barreth.
A algumas casas dali está a sede da Kansas City Startup Village, onde fica o escritório de Mike Farmer, criador do aplicativo de busca para celular Leap2. Farmer disse que a Google Fiber chamou a atenção para a cultura das startups em Kansas City “porque ela despertou a imaginação sobre o que você consegue fazer com essa capacidade de banda larga”, disse. “Praticamente toda semana encontro uma, duas ou três pessoas de outros lugares que querem vir para cá.”
Fermer diz que, apesar do crescimento, continua um desafio para as startups obter financiamento em Kansas City. Os grupos de investimento de risco no Vale do Silício buscam empreendedores próximos da Califórnia. “Tenho tido conversas realmente incríveis com alguns grandes investidores e a sua primeira declaração é que ‘quando você está começando tem de estar aqui, perto de nós’”, disse Farmer. “Este é um obstáculo.”
Andy Kallenbach lançou recentemente o FormZapper.com, um site de administração de formulários online e também tem escritório perto da “Casa para Hackers”. Segundo ele, Kansas City não aspira ser o próximo Vale do Silício e nunca poderá ter uma empresa como Facebook ou uma gigante na área. Mas, segundo ele, esta dificuldade maior para levantar dinheiro em Kansas City pode ser convertida em vantagem para os empreendedores locais.
“A coisa mais difícil é a execução, certo? Muitas pessoas conseguem levantar recursos, sair por aí e obter financiamento para um projeto ou algum produto, ou o conseguem por meio de uma bela apresentação. Mas não importa se não consegue criar alguma coisa que as pessoas utilizarão”, disse Kallenbach. “Acho que aqui em Kansas City até certo ponto você tem de aliar os atos às palavras. Você tem de fazer.” / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO
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Leia mais:• Link no papel – 25/02/13

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